-
Falta De Assistência Estudantil Revolta Estudantes De Baixa Renda
-
De cinco anos para cá , o dinheiro de custeio e assistência estudantil das universidades tiveram queda de R$ 8,6 bilhões
- Por Brendow Felipe
- 23/04/2023 13h21 - Atualizado há 1 ano
Um dos questionamentos mais recorrentes entre os alunos de baixa renda nas faculdades federais é a escassez de assistência estudantil. A reportagem do Jornal Hoje ouviu especialistas em educação e também o governo para compreender os principais caminhos para resolver questões como essa crise.
Diversos estudantes que foram pelo crivo e acabaram considerados em situação de vulnerabilidade social, e, assim, com direito a ganhar uma bolsa, não conseguiram auxílio algum.
“A gente precisa de fato ter um orçamento que consiga ter políticas estruturantes de moradia, políticas de bandejão, de melhorias da estrutura do bandejão, mas também de expansão, né?”, diz Jefferson Roza, estudante de Estudos de Mídia da UFF.
De cinco anos para cá , o dinheiro de custeio e assistência estudantil das universidades tiveram queda de R$ 8,6 bilhões, em 2018, para R$ 4,4 bilhões, em 2022, em valores corrigidos pela inflação. É uma queda abrupta de quase metade da verba para pagar água, energia, bolsas de estudo e prestação de serviços, por exemplo.
Soraya Soubhi Smaili, coordenadora do Sou Ciência e professora da Unifesp, lembra que a falta de dinheiro não afeta somente o dia a dia dos alunos universitarios, mas está minando bem o maior celeiro de produção científica do Brasil.
“Mais de 80% da pesquisa da ciência no nosso país é produzida nas nossas universidades, então, nós temos que lembrar que esta ciência só pode ser produzida se houver investimento, que não é gasto, é investimento”, diz.
Em Março, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levou um projeto de lei ao Congresso Nacional para liberar R$ 4,1 bilhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Valor para projetos nas áreas de ciência, tecnologia e inovação.
Para Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências, os parlamentares necessitam aprovar esse projeto de lei com cunho de prioridade. “Porque se não, não vai ter recurso. Não terá financiamento para projetos que já estão aprovados”, explica.
O ministro da Educação, Camilo Santana, conta que o governo estuda um regime de urgência para atender as faculdades.
“Estamos garantindo uma recomposição orçamentária para as universidades, nós queremos construir um plano diretor, um planejamento para os anos futuros para que a gente possa garantir condições adequadas para atendimento nos campi para os estudantes, assistência estudantil, ampliação de cursos, definir quais são as vagas que nós temos que ofertar e ampliarmos para determinados cursos, portanto é um planejamento que está sendo construído tanto para as universidades federais quanto para os institutos federais também, que terão também a sua recomposição orçamentária. Portanto, é um compromisso do presidente Lula, do ministério de fortalecer e garantir a recomposição e a recuperação dessa situação crítica de algumas situações de infraestrutura em campi das universidades”, diz o ministro.
Para os professores e pesquisadores, a recuperação das faculdades federais, mesmo com mais recursos, deve levar um momento maior. E será necessário prever um orçamento mais robusto para 2024.